O Ministério da Educação (MEC), em conjunto com o Ministério da Saúde, anunciou, nesta quarta-feira (23), a criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), para avaliar o desempenho de estudantes de Medicina e outros cursos de formação médica.
A prova será aplicada anualmente, substituirá o Enade e servirá como via de acesso a residências médicas, sendo obrigatória para todos os formandos. Ela também poderá ser feita por médicos já formados que desejam se especializar
Confira as regras:
– Prova será obrigatória para formandos e optativa para quem deseja se especializar;
– Aplicação será anual e deve começar em outubro deste ano;
– A avaliação terá 100 questões em áreas básicas da Medicina;
– Funcionará como porta de entrada para residências médicas, sendo unificada com o Exame Nacional de Residência (Enare).
O exame terá o número de questões ampliado de 40 perguntas (no Enade) para 100 questões em áreas básicas da Medicina, como ginecologia, pediatria, clínica médica, clínica cirúrgica e medicina da família. A expectativa é que o modelo entre em vigor em outubro deste ano.
O Enamed funcionará como porta de entrada para residências médicas, sendo unificado com o Exame Nacional de Residência (Enare), espécie de “Enem das residências”. Agora, as vagas de acesso direto – aquelas destinadas a candidatos que ainda não concluíram uma especialização médica e que representam 91% das vagas disponíveis no Enare – utilizarão a nota do Enamed.
– A grande diferença é que agora o candidato, nas provas de acesso direto, fará a prova do Enamed e o resultado será considerado no Enare. Ou seja, o candidato que tiver a nota mais alta no Enamed que concorrer ao Enare vai escolher a vaga [na especialidade em que está concorrendo] em qualquer instituição [que tenha vaga de residência pelo Enare] – explica Arthur Chioro, presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que cuida dos hospitais universitários.
A ideia de unificar o Enamed com o Enare surge como um estímulo para a participação e comprometimento dos estudantes com a prova, segundo o governo, além de produzir evidências educacionais mais regulares sobre a área de formação médica.
– A própria seriedade com que os estudantes fazem a prova vai aumentar. A adesão das escolas públicas e privadas vai ser muito maior, porque [além de estar avaliando seu desempenho] o estudante também vai estar concorrendo a uma vaga de residência com aquela nota, caso queira – acrescentou Chioro.
A expectativa do MEC é que 42 mil alunos recém-formados emMedicina participem do Enamed em outubro deste ano, além daqueles já formados anteriormente e que desejam prestar para uma vaga de residência. O governo prevê também que a prova será aplicada em 300 cursos e 200 municípios.
AVALIAÇÃO NO MEIO DO CURSO
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou também que o Conselho Nacional de Educação (CNE) vai avaliar as diretrizes nacionais curriculares de Medicina e quer instituir uma prova de progresso, aplicada no meio do curso, para além do Enamed, aplicado ao fim do curso. O objetivo é identificar cursos em que é preciso fazer uma “correção” do ensino naqueles que apresentam desempenho abaixo do esperado.
– A ideia é que isso possa acontecer ao longo do curso, porque ao final do curso a gente só vai poder avaliar e não tem mais como corrigir a formação dele – afirmou o ministro da Educação.
Esse formato de avaliação de progresso aplicada ao longo da formação é “o que existe de melhor no mundo hoje”, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pode ser um passo futuro do governo.
– Mesmo países que tinham instrumentos como esse, igual a [uma prova da] OAB, passaram a adotar nesses países a avaliação dos testes de progresso, ao longo da formação – disse.
*AE